Schwarzenegger para conhecedores
Três comentários no primeiro post. Não está mal, mas faço um apelo aos milhares de cibernautas consumidores de blogs que diariamente consultam “O Tronco da Teia” para correrem riscos e deixarem a respectiva opinião, ou insultarem o autor, como preferirem.
Enquanto me vou familiarizando com esta coisa dos blogs – mesmo não parecendo, pelo design e conteúdo altamente profissional, ainda sou um amador – farei os meus possíveis para manter actualizada esta pequena sala de cinema nesse grande multiplex que é a blogosfera.
Hoje para o sempre difícil segundo post (é sempre difícil repetir a magia do primeiro), e porque “O Tronco da Teia” gosta de andar de mãos dadas com a actualidade, iniciamos uma série dedicada a um conhecido actor austríaco que no seu país de origem até tem um estádio de futebol com o seu nome (é o estádio do Sturm Graz). Falamos, naturalmente, de Arnold Schwarzenegger, candidato a candidato ao cargo de governador do estado da Califórnia (cargo que já foi ocupado por Ronald Reagan), e que pode neste momento ser visto nas salas portugueses em “O Extreminador Implacável 3 – Ascensão das Máquinas”.
É verdade que “O Extreminador Implacável” “Conan” e “O Predador” ajudaram a consolidar a sua posição na sétima arte, e todos sabem que o seu primeiro filme nos EUA foi “Hércules em Nova Iorque”. Outros filmes, que Schwarzenegger provavelmente quer esquecer, são muitas vezes ignorados. Falamos dessa triologia de filmes cujo título é composto por uma palavra: “Comando”, “O Massacre” e “O Gladiador”.
Comecemos por “Comando”.
“Comando”
(“Commando”)
Ano: 1985
Realizador: Mark L. Lester
Actores: Arnold Schwarzenegger (John Matrix), Rae Dawn Chong (Cindy), Dan Hedaya (Arius), Vernon Wells (Bennett), James Olson (Gen. Kirby), David Patrick Kelly (Sully), Alyssa Milano (Jenny Matrix) e Bill Duke (Cooke).
Disponível em VHS e DVD
O filme em que Schwarzenegger afirma comer Boinas Verdes ao pequeno-almoço. Arnie é um militar na reserva, ex-chefe de um grupo qualquer de forças especiais (marines, seals, escolham) a quem raptam a filha (Alyssa Mylano, a fazer a sua transição para o cinema na altura em que era estrela da televisão em “Who’s the Boss”, antes de se despir em filmes como “Poison Ivy II”).
O bom do Matrix é obrigado a participar numa missão de assassinato a um presidente de uma qualquer república das bananas (Val Verde, que mais parece o nome de um empreendimento turístico) que havia ajudado a colocar no poder, mas o seu sentido de dever e justiça fazem-no embarcar por caminhos diferente. Em vez de aceitar as condições do sinistro Arius (Dan Hedaya), resolve embarcar numa demanda solitária para manter a democracia nesse país que fica à distância de uma curta viagem de avião dos EUA (será Cuba?).
Sem querer desvendar demasiado da história, Arnie jura de morte todos os que lhe raptaram a filha e mataram o cão (não me lembro se há ou não um cão, mas se não há, devia haver) e cumpre a promessa das mais variadas maneiras, uma das quais envolve a cabeça de um inimigo e uma serra.
O que pode parecer à primeira vista como apenas mais um daqueles filmes irreais de um homem contra um exército, é, na verdade, um inesperado exercício na aplicação da concepção nietzscheziana do Super Homem, um ser que já atingiu um estado em que já não é afectado pela religião e pela sociedade. Está acima da piedade, do sofrimento e da tolerância pelos mais fracos. Schwarzenegger/Matrix tem os seus próprios valores, cria as suas próprias regras e está em constante mutação para poder mudar o mundo, ou qualquer coisa assim do género.
E estejam atentos ao carro que se farta de levar porrada e que, poucos segundos depois, aparece impecável e pronto a atacar as estradas. Imperdível.
Por Eduardo D. Madeira Jr.