Fantasmas de Fantasportos Passados Vol. 2
Os anos já vão pesando e o vosso caro Eduardo (eu) já não consegue distinguir todas as edições do Fantasporto em que marcou presença. Foram muitos filmes, muita gente diferente e este ano vai ser mais um para o buraco negro da minha memória daqui a uns anos. Logo, em vez de vos deixar uma descrição pormenorizada de cada um dos anos. Assim, vou tentar deixar alguns momentos marcantes de algumas passagens que tive pelo Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto, Fantas para os amigos, que até já começou e onde o vosso amigo vai novamente marcar presença, incógnito naturalmente – imaginem que descobriam a minha identidade secreta, os fãs, os autógrafos, as palestras, as entrevistas, os pedidos de receitas para feijoada, os conselhos de leitura, música e cinema e aqueles momentos embaraçosos em que, no meio de um espectáculo musical, o cantor(a) alerta a audiência para a minha presença e diz “vá lá, anda para o palco, canta uma, só uma”.
Um dos pontos em comum entre todas as minhas viagens ao Fantas é o local de alojamento. É uma pensão na Avenida dos Aliados com uma localização muito conveniente. É só atravessar a estrada (e chegar ao outro lado, naturalmente) e já estou com um pé dentro do Rivoli, que é o coração do Fantas. Sejamos francos. Não é nenhum hotel de cinco estrelas (ou de seis estrelas, como aquele no Dubai, em que cada hóspede tem o seu mordomo particular e é conduzido de Rolls-Royce do aeroporto para o hotel), mas também não é nenhuma pensão de meninas paga à hora. É um sítio razoavelmente confortável, se bem que com um ar condicionado algo barulhento e um poliban com o terço da área de uma cabine telefónica. Verdade seja dita, na última vez que lá pernoitei, decorriam as obras do andante (o metropolitano de superfície do Porto) e as ditas obras eram nocturnas, o que tornava difícil uma boa noite de sono para o vosso amigo e respectiva companhia. Mas é barato, central e com TV Cabo. Quanto ao pequeno-almoço, não vos posso informar porque nunca me levantei a horas decentes para ver.
Outro elemento com presença assegurada é a chuva. O país pode estar na maior seca, mas sempre que há Fantas, como diria o meu caro Burt Bacharach, “Rain drops keep falling on my head”. Eram gotas de chuva daquelas bem gordas, impossíveis de lhes escapar.
Um “must” para os novatos do Fantas é o Baile dos Vampiros, a festa que encerra o festival. É no Teatro Sá da Bandeira, uma sala fantástica, com um ar muito gótico, muito soturno e com boa música. Mas há alguns pequenos pormenores que desaconselham a visita ao viajante mais experimentado: o preço de entrada, a qualidade das bebidas e a multidão que está lá dentro. Aquilo é intransitável em hora de ponta. E o whisky é do mais martelado que já me foi dado a provar – só há uma marca de onde se pode escolher. Nem preciso dizer que foi uma desgraça. Numa das duas vezes que lá meti os pés, acabei a tentar meter conversa com uma rapariga do bar (bem gira, segundo a minha memória alcoólica) com a conversa mais manhosa do mundo. Sempre que lá ia pedir mais um, e sendo aquilo um baile de vampiros, perguntava sempre se havia sangue, ela apontava para o pescoço e eu dizia, “Posso morder?” – eu sei, uma desgraça. Não me lembro muito bem com é que acabou.
Mas há outras opções para se sair à noite no Porto – nunca o façam à segunda-feira, está tudo fechado. Temos a Ribeira, temos um bar muito engraçado ao pé do Coliseu, que fica num andar alto de um prédio com um elevador que não inspira muita confiança, e muitos outros sítios, mas como não sou um cidadão automobilizado, as opções são bastante escassas.
Se a vossa cena são os bares de karaoke, também podem satisfazer o vosso vício. Segundo me lembro, há pelo menos um na Ribeira em que o MC foi muito simpático e deixou-me passar à frente de muita gente com aquela velha desculpa, vou-me embora amanhã, seguido de várias dezenas de vá lá... Na margem sul do Porto, também há pelo menos um, que era o sítio onde nasceu o mito Fernando Rocha. As paredes do dito bar, com um aspecto muito tropical, mas sem cartão multibanco e sem Jameson, estavam forradas com fotografias autografadas e discos de ouro do dito “humorista”. Quanto à minha experiência no palco da fama, como dizem os jogadores de futebol, dei o meu melhor, com uma versão emocionada e sentida do “Emoções” do Roberto Carlos. Não foi o suficiente, como o futuro se encarregaria de me mostrar. Escusado será dizer que o bar fechou 23 segundos depois da minha actuação.
E filmes, questionam, intrigados, os caros leitores de “O Tronco da Teia”? Queremos é saber dos filmes, reforçam os meus caros leitores... Continuem a visitar esta pequena sala e saberão...
(A Suivre)
P.S. – Esta semana ultrapassámos a barreira das 10 mil visitas. Tudo em apenas dois anos e meio. A este ritmo, teremos mais um algarismo quando o Benfica for campeão (é uma piada futebolística perfeitamente gratuita, por favor não se ofendam os nossos leitores benfiquistas, mas terão de concordar comigo que as coisas não parecem muito brilhantes, pelo menos enquanto lá estiver a velha raposa e o orelhas).
Por Eduardo D. Madeira Jr.
ReflexãoNo último dia antes das eleições não se pode fazer campanha, o que significa que este sábado não vou poder vestir o meu casaco rosa, nem as minhas calças laranjas, nem calçar os meus sapatos azuis, usar o meu boné vermelho com a estrelinha, ou sequer vestir uma t-shirt branca. Acho que me vou vestir todo de preto.
Por Eduardo D. Madeira Jr.
Eu vi...... o emplastro no funeral da Irmã Lúcia, com um cachecol do FC Porto ao pescoço.
Por Eduardo D. Madeira Jr.