Mulheres e armas
Afinal caros leitores de “O Tronco da Teia”, não vai haver nos próximos tempos a edição especial em DVD de “Os Tarados do Rio Louco”, porque parece que estão à espera que apareça uma sequela.
Enquanto aguardamos ansiosamente por “Os Tarados do Rio Louco II”, é altura para ir buscar mais outra velharia ao baú, desta vez um filme de espionagem “high-tech”, injustamente deixado de lado quando se referem os “clássicos” do género como a série de James Bond ou “Missão Impossível”.
Lembram-se das “Chicks with Guns” que aparecem no “Jackie Brown” de Quentin Tarantino? A entrada de hoje em “O Tronco da Teia” recupera hoje um dos pontos altos da cinematografia de um homem que dedicou toda a sua vida à associação de mulheres e armas. Falamos de Andy Sidaris e o título hoje em destaque é “Missão no Havai”.
“Missão no Havai”
(“Hard Ticket to Hawaii”)
Ano: 1987
Realizador: Andy Sidaris
Actores: Ronn Moss (Rowdy Abilene), Dona Spier (Donna Hamilton), Hope Marie Carlton (Taryn), Harold Diamond (Jade), Rodrigo Óbregon (Seth Romero), Cynthia Brimhall (Edy), Patty Duffek (Pattycakes), Wolf Larson (J.J. Jackson) e Lory Green (Rosie).
Disponível em VHS e DVD, incluído numa colecção com mais três filmes de Andy Sidaris
As estrelas são quatro belezas saídas das páginas da Playboy e um actor de telenovelas. “Missão no Havai” é um filme de acção na grande tradição dos clássicos do género e, como o título indica, decorre no arquipélago do Havai. Conta a história de duas agentes do FBI (Spier e Carlton) que se intrometem no caminho de um poderoso traficante de droga.
Filmado como continuação de “Malibu Express”, “Missão no Havai” é muito mais que uma mera exploração comercial do sucesso do seu antecessor. À primeira vista, “Missão no Havai” pode parecer uma exploração barata do corpo feminino e Sidaris pode ser encarado como um porco machista que só pensa em encher o ecran de mulheres nuas. Nada mais falso. Sidaris é, acima de tudo um cineasta com convicções profundas no que diz respeito à igualdade dos sexos e, atrevemo-nos a afirmar, até um pouco feministas.
Numa altura em que as estrelas de cinema mais bem pagas são homens, Sidaris faz uso do seu estatuto de “outsider” em relação aos estúdios de Hollywood e coloca como as mulheres como estrelas de primeira grandeza, transformando as “coelhinhas” da Playboy (ostracizadas e diminuídas pelos seus corpos) em actrizes de primeira grandeza e credíveis como mulheres fortes, inteligentes e dispostas a inverter a noção de que os homens são o sexo forte.
Momentos a ter em atenção: quando as duas agentes se preparam para examinar algumas provas, decidem despir-se e tomar um relaxante banho num jacuzzi; quando uma cobra mutante sai disparada de uma sanita.
Por Eduardo D. Madeira Jr.