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quinta-feira, setembro 18, 2003

12:59 da manhã
AVISO - QUEM LER ESTE POST PODE NÃO QUERER VER O FILME
(contém ainda revelações sobre o "argumento" - as aspas não são por acaso)

A última cruzada em busca do berço
da vida perdido dentro da arca

Como os nossos fiéis visitantes sabem, “O Tronco da Teia” tem dedicado o seu espaço a recuperar para o presente alguns objectos esquecidos da cinematografia mundial e não tem falado de filmes em exibição nas salas portuguesas. Mas hoje abrimos uma excepção para falar mais em pormenor de “Lara Croft: Tomb Raider – O Berço da Vida”, o mais recente “opus” (o segundo) das aventuras da arqueóloga com formas generosas dos videojogos Lara Croft.
Nada temos contra Lara Croft ou Angelina Jolie, mas para imitações de Indiana Jones já vimos muito melhor. A evitar sem reservas. Se querem ver filmes de aventuras e o vosso vídeo já não aceita as vossas cópias dos filmes do Dr. Jones ( a edição em DVD está quase a chegar) por tão gastas que estão, revejam, por exemplo, “Em Busca da Esmeralda Perdida”. Se estiverem mesmo desesperados, podem recorrer a “A Múmia” ou “A Múmia Regressa” para ficarem minimamente saciados.


“Lara Croft: Tomb Raider – O Berço da Vida”
(“Lara Croft: Tomb Raider – The Cradle of Life”)
Ano: 2003
Realizador: Jan de Bont
Actores: Angelina Jolie (Lara Croft), Gerald Butler (Terry Sheridan), Cíaran Hinds (Jonathan Reiss), Chris Barrie (Hillary), Noah Taylor (Bryce) e Djimon Housou (Kosa)
Em exibição nas salas portuguesas. Se depois de lerem este post, ainda sentirem uma absoluta necessidade de ver o filme, não vão à Sala do Vasco da Gama, onde a qualidade de imagem é péssima.

Sim, o primeiro filme já não era grande coisa e, se Lara Croft não fosse uma marca para garantir muitos milhões antes do filme estrear, nada justificava uma sequela. Mas as brilhantes e originais mentes pertença dos executivos de Hollywood não pensam assim e resolveram investir em mais aventuras da heroína das consolas e dos computadores pessoais. Angelina Jolie, sem dúvida, olhou para o cheque, assinou de cruz e não leu o argumento. Os rapazes da Universal acharam por bem contratar o bom do Jan de Bont (que mostrou alguma competência com “Speed” e “Twister”), responsável por esses grandes sucessos do público e da crítica chamados “Speed 2” e “A Mansão”. Assim chegamos a “O Berço da Vida”.
Tudo começa quando Indiana Jones (perdão, Lara Croft) se embrenha na selva sul-americana (novo erro, fundo do mar) em busca de uma estátua de ouro (errado outra vez, é um globo/mapa), mas os nazis (contrabandistas chineses) vão atrás e ficam com o artefacto. Assim são os primeiros minutos de Lara Croft. Se não tivéssemos já visto isto em qualquer lado, até éramos capazes de achar alguma piada.
Enfim, continuando, Lara Croft consegue sair da armadilha submarina em que se meteu, mas os vilões deram cabo do seu veículo e das botijas de oxigénio. Enfrenta um tubarão cara-a-cara, dá-lhe um murro no nariz e agarra-se à sua (a do tubarão) barbatana para chegar à superfície, onde fica três dias a boiar até ser recolhida por um submarino.
Palavra puxa palavra e a nossa heroína lá descobre que tem tudo a ver com a Arca da Aliança (perdão, a Caixa de Pandora). Segue-se uma corrida contra o tempo em que Lara Croft e o seu companheiro, o perigoso terrorista escocês Terry Sheridan (um ex-militar preso por traição numa prisão do Cazaquistão), enquanto vão fazendo publicidade aos relógios Tissot, aos telemóveis Nokia e aos televisores Panasonic, passam pelas mais variadas situações e locais, que inclui saltar de um arranha-céus em construção em queda livre e planar durante quatro quilómetros, um fantástico salto com vara com um bambu que não se parte em Xangai. E sem esquecer esse autêntico milagre da comunicação que é ligar um telemóvel numa televisão em Hong Kong e comunicar sem problemas com o Reino Unido (de referir que a referida televisão é de plasma e está num minúsculo barco ancorado no porto de Hong Kong com uma família que parece ter poucas posses para se alimentar, quanto mais para investir em tecnologia de ponta).
O momento mais divertido do filme (acreditem, que é verdade): num centro comercial em Hong Kong, o vilão entra num elevador com dois ou três guarda-costas e segura a porta para deixar entra uma senhora e o filho. Depois das portas fechadas, o miúdo desata a carregar em todos os botões e o elevador para em todos os andares, enquanto vai olhando sorridente para o mauzão.
Quando assistimos a um filme destes, não estamos à espera de uma coisa coerente, estamos preparados para tudo. Senão os filmes de James Bond nunca teriam tido o sucesso que tiveram. Enfim, de qualquer forma tudo seria mais suportável se tivéssemos uma visão mais próxima dos atributos de Angelina Jolie. Mas nem isso conseguiram rentabilizar.

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Por Eduardo D. Madeira Jr.

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